segunda-feira, 23 de abril de 2012

Mais de Coimbra

Afinal parece que há queixas. São várias. Não é só uma. O que se conhece, é certo, é apenas o mais violento, quando já é demasiado evidente que o abuso é de facto um abuso.
Claro, quem tem o poder e a legitimidade para abusar usa-se disso. Ainda por cima quando parece que há ali umas pessoas que estão de "livre" vontade.

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Existem “hooligans” na praxe académica
Do Diário de Coimbra, de 19 de Abril

Rui Bebiano, um dos 114 do­centes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra que subscreveu um abaixo-assinado contra certas praxes estudantis que classificam de violentas, indignas e humilhantes, diz que é preciso tomar atitudes firmes contra os “hooligans” da praxe.
O historiador, que participava no debate “A praxe académica ontem e hoje”, complementar ao abaixo-assinado que solicita esclarecimentos aos alunos dos seus direitos, observou que o que antes era apenas em alguns momentos, acontece agora no ano todo, afecta o funcionamento da própria Universidade, a vida dos estudantes e as aulas, com ruídos constantes.


Praxes Académicas: Reitor de Coimbra rejeita violência nas praxes
16.04.2012 - 16:25 Por Lusa

O ministro Nuno Crato pediu mais civilidade aos estudantes que recebem os caloiros

O reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva, considera “completamente inaceitável qualquer tipo de violência” na praxe académica, com os docentes a defenderem a criação de um gabinete de apoio aos alunos visados.
“Os relatos que tenho visto são no sentido de ter havido actos de violência”, lamenta o reitor, numa alusão a queixas de alunos, que levaram o Conselho de Veteranos a abrir um inquérito e a suspender, “por tempo indeterminado”, a chamada Praxe de Gozo e de Mobilização, ou seja, a interação dos “doutores” com os caloiros.

Há cerca de três semanas, João Luís, o dux veteranorum, responsável pelo Conselho de Veteranos, disse à Lusa que “foram apresentadas algumas queixas de alunos de várias faculdades, de que poderá ter havido atropelos”, o que motivou abaixo-assinados entre os docentes, promovidos nas faculdades de Letras e de Economia.
“Foi feita a identificação correcta de toda a gente [envolvida nos casos], esta semana e na próxima vamos ouvir todos, para depois elaborar um relatório”, disse hoje João Luís.

O dux veteranorum entende que participar na praxe implica “civismo, juízo e educação, exige uma postura de cavalheiros, no sentido figurado”.

“Se alguém não estiver trajado é um arruaceiro, mas se estiver de capa e batina a culpa já é da praxe”, observou, numa alusão a actos violentos, ao sustentar que o que está em causa é o “bom senso nos comportamentos” e não a praxe académica.

João Luís não concorda, por isso, com algumas afirmações contidas no abaixo-assinado promovido por docentes da Faculdade de Letras, no que toca à “falta de educação” por parte de quem exerce a praxe.

O documento, com perto de 120 assinaturas de professores, é entregue ao diretor da Faculdade de Letras na quarta-feira, dia em que se realiza um debate sobre “A praxe académica ontem e hoje”, com a participação dos historiadores Luís Reis Torgal e Rui Bebiano, o sociólogo Elísio Estanque, o ex-presidente da Associação Académica de Coimbra André Oliveira, e Rita Rigueiro, do Conselho de Veteranos.

Código violento

“O Código da Praxe, ele próprio, é violento, defende uma série de sanções violentas, não para os que exercem a praxe, mas para os que violam a hierarquia da praxe, como alguém que não vestiu a capa correctamente, que não se comportou como caloiro, etc”, disse Catarina Martins, uma das promotoras do documento.

Os docentes solicitam aos órgãos da universidade a interdição de certas formas de praxe académica, que consideram indignas, e defendem a criação de um gabinete ou outro tipo de infraestrutura de apoio aos estudantes que recusem participar na praxe.

“Estes casos deviam ser investigados mas pela Justiça; não tem havido [mais] queixas formais porque há um clima de violência psicológica, de atemorização. No contacto com os alunos, no dia a dia, constatamos que essa violência psicológica existe”, sustentou a docente.

O reitor destaca que foram os próprios estudantes, através do Conselho de Veteranos, a “tomar a iniciativa de condenar” os alegados abusos e a “intervir”, havendo uma espécie de “auto-regulação”.

“Essa auto-regulação será suficiente? Não sei. Pelo menos temos obrigação de deixar os estudantes avançar no tratamento desta questão, de resolvê-la”, afirmou João Gabriel Silva, encarando como “positivo” o debate entretanto gerado na universidade.

Os incidentes que terão ocorrido em Coimbra foram classificados pelo ministro da Educação como lamentáveis, tendo Nuno Crato aconselhado maior civilidade aos estudantes que recebem os caloiros.

3 comentários:

João Tavares disse...

Por muito que digam que os próprios praxantes estão a contribuir para uma "auto-regulação", é óbvio que não é por isso que irão deixar de haver irregularidades!
Mesmo com um código justo, a praxe é meio caminho andado para o abuso do "caloiro" e é um acto violento que urge reprimir e punir!
Não basta mudar a lei, a lei é SÓ um papel!

E o Nuno Crato pensa que é com conselhinhos pacíficos e moles sobre civilidade que os tais hooligans param! Bem que pode também fazer uma balada sobre isso, vai muito longe...

Anónimo disse...

Não há um Conselho de Veteranos/Tribunal de Praxe em cada Universidade? Que se desunhem e andem a "passear" pelas praxes a ver os abusos e que se castigue quem os faz nesse mesmo momento. Era num instante que se acabavam os abusos.

Anónimo disse...

Tribunis de praxe? Oiço falar mas nunca vi. O que são, e por quem são constituídos?